SÃO PAULO

AS PRIMEIRAS IGREJAS:

ONDE começou o trabalho batista no Brasil? Foi em Santa Bárbara (SP) ou em Salvador (BA)? Definindo o marco inicial batista no Brasil, após considerações sobre o assunto, assim se expressou a Convenção Batista Brasileira:

“... a inserção do trabalho batista no Brasil se deu por duas vias: a Via da Imigração (1871) e a Via de Missão (1882).”

Esta definição lançou sobre o estado de São Paulo um tremendo privilégio e responsabilidade: ter sido o local no Brasil onde se organizou a primeira igreja batista. Vamos aos fatos.

A “Via da Imigração” está muito bem documentada no livro, “Centelha em Restolho Seco”, brilhante e exaustivo trabalho de pesquisa realizado por Betty Antunes de Oliveira. Começa a saga em 12/04/1861, data da Declaração do início da Guerra Civil Norte-Americana, conflito que teve como uma de suas causas mais importantes o posicionamento do povo norte-americano diante do problema da escravidão. Assim escreveu o pastor Damy Ferreira em seu livro “Centenário da Convenção Batista do Estado de São Paulo”, num capítulo denominado “A Igreja Batista em Santa Bárbara do Oeste”:

“... com a derrota dos sulistas na guerra contra o norte dos Estados Unidos, muitos americanos do sul começaram a procurar uma nova vida em outro país. O Brasil, na época, era uma opção promissora e as portas estavam abertas. Assim, um grande grupo veio para o Brasil, o principal dele para Santa Bárbara d’Oeste, no interior de São Paulo. Havia no grupo muitos crentes, principalmente presbiterianos, metodistas e batistas.”

A emigração dos Estados Unidos para o exterior se iniciou a partir de junho de 1865. Um grande número de sulistas veio para o Brasil, tendo outros ido para o México, Venezuela, Peru, Austrália e Nova Zelândia. Segundo a fonte já citada, em 31/07/1866 chegou ao Rio de Janeiro, vindo do Alabama, o primeiro batista, James Daniel, juntamente com sua esposa, filho, cunhado e duas irmãs; em dezembro do mesmo ano, o grupo já estava em Santa Bárbara. Em 20/05/1867, aconteceu a chegada de 277 imigrantes, entre eles os pastores Richard Ratcliff e Elias Hoton Quillin. Já estabelecidos com suas fazendas em Santa Bárbara, os pastores presbiterianos, metodistas e batistas, líderes de suas colônias, resolveram publicar folhetos para distribuição geral, em português, inglês, francês e alemão, “sentindo a responsabilidade de evangelizar”. Decidiram também organizar suas igrejas iniciais, sendo que a presbiteriana foi formada em junho de 1870, a metodista em agosto de 1871 e a batista em 10 de setembro de 1871. Por ser a Igreja Católica religião oficial do Estado, as pessoas de outras religiões enfrentavam muitos problemas com cemitérios e registros. Criou, assim, o grupo não católico o seu próprio cemitério, o qual é utilizado até os dias de hoje pelos descendentes de norte-americanos e seus familiares. Assim, surgiu a 1ª Igreja Batista em solo brasileiro, tendo Richard Ratcliff como seu primeiro pastor, sendo sucedido em 1878 por Elias Hoton Quillim. O livro “Centelha em Restolho Seco” relaciona como possíveis membros fundadores da 1ª Igreja 29 nomes de batistas norte-americanos, provenientes de 12 famílias diferentes, vindos com cartas demissórias de várias igrejas do Sul dos Estados Unidos. A Igreja existiu por cerca de 38 anos.

Em 02/11/1879 organizou-se a segunda igreja batista, com Elias Hoton Quillim como pastor, contando com doze membros vindos da 1ª Igreja. O nome da 2ª Igreja, “Station”, se deve à estação da nova estrada de ferro, em terras da então província de Santa Bárbara, onde se formou a Vila Americana, início da atual cidade da região. A 20 de junho de 1880, Antônio Teixeira de Albuquerque tornou-se membro dessa igreja, por profissão de fé e batismo, sendo consagrado ao ministério da palavra no mesmo dia, já que era um ex-padre. Albuquerque foi o primeiro pastor batista nacional. Não sabemos o tempo de vida eclesiástica da 2ª Igreja, segundo Betty Antunes.

Os acontecimentos históricos foram se sucedendo. Em novembro de 1880, William Buck Bagby e Ana Luther foram nomeados missionários da Junta da Convenção Batista do Sul para o Brasil, chegando ao Rio em 02/03/1881, tendo ido para Santa Bárbara. Em 1881, Quillim pediu exoneração como pastor da 1ª Igreja, assumindo Bagby a liderança, em 28/05/1881. Apesar de ter assumido o pastorado da igreja, há evidências de que Bagby e sua família estavam residindo em Campinas na ocasião, para aprendizagem da língua numa cidade mais desenvolvida. Em fevereiro do ano seguinte, chegaram Zachary Clay Taylor e sua esposa Kate ao Rio, indo o casal morar em Campinas com a mesma finalidade dos Bagby. Em agosto de 1882, Bagby renunciou ao pastorado da 1ª de Santa Bárbara, após cerca de 15 meses na função, já que, no final do mesmo mês, as famílias de Bagby, Taylor e Albuquerque chegaram a Salvador, na Bahia. No dia 15/10/1882, aconteceu a fundação da 1ª Igreja Batista de Salvador, na Bahia, o início da “Via da Missão”, segundo a CBB.

Embora tendo a imigração para Santa Bárbara iniciado a partir de motivos pouco louváveis, como a perda da mão de obra dos escravos e da tentativa de manutenção do “status quo” perdido na Guerra da Secessão americana, com o passar do tempo, desenvolveu-se nos colonos norte-americanos de Santa Bárbara, incluindo os batistas, o desejo de se iniciar a evangelização do Brasil. A história mostra que houve troca de correspondência entre a igreja de Santa Bárbara e a Junta de Richmond antes da chegada dos missionários enviados especialmente para iniciar o trabalho no Brasil. Conforme afirma Betty Antunes de Oliveira em seu livro, ao se referir à importância das igrejas de Santa Bárbara na história batista do Brasil, seremos mesquinhos e teremos viseiras, se não reconhecermos que a comunidade funcionou como ponto de arremesso de suas centelhas, lutou para ser o sal, o fermento e a luz, mesmo tendo contra si tantos empecilhos.”

A “Via da Imigração” preparou o terreno, para que a “Via da Missão” efetivamente iniciasse a pregação do evangelho na nossa pátria, conforme a visão batista. Nossa história batista começa, portanto, com três igrejas: duas em Santa Bárbara d’Oeste, Estado de São Paulo, e uma em Salvador, na Bahia.

A PIB de São Paulo (Capital):
O site da PIB da capital paulista informa que, no início de maio de 1899, chegaram a São Paulo os missionários batistas J. J. Taylor e J. L. Downing, bem como chegaram a Belo Horizonte as missionárias solteiras Mary B. Wilcox e Berth R. Stenger. Um mês após, foi alugado um espaço na Rua Santa Efigênia, na capital paulista, e ali, em junho de 1899, iniciou-se o trabalho batista na terra dos bandeirantes como um "ponto de pregação".

Em 06/07/1899, foi organizada a 1ª Igreja Batista em São Paulo, com 18 membros, alguns vindos do Rio de Janeiro, outros de Belo Horizonte, outros ainda de Santa Bárbara d'Oeste; foram membros fundadores J.J. Taylor, J.L. Downing, Mary B. Wilcox, Berth R. Stenger, Ada L. Taylor, Merlin M. Taylor, Ada B. Downing, Sara R. d'Oliveira, Brígida R. d'Oliveira, Jorge Cassiano, C. F. Hammett, Srta Hammett, Jessie Limpkim, José Alt, Amélia Ellert, Carlos Ellert, Maria Alt e Eugênio Hermann.

Um mês depois, em agosto, foi batizada a primeira pessoa convertida, a irmã Alvina Ellert. A igreja encerrou o ano de 1899 com 22 membros.

A igreja se reuniu em diferentes lugares, até chegar ao Largo dos Guayanazes (hoje Praça Princesa Isabel), onde está desde 1917. Outros terrenos e propriedades foram adquiridos desde essa época.

Missões urbanas foram desde logo a principal vocação da igreja, visão essa ampliada também para espaços mais amplos. Foram então surgindo outras igrejas na cidade de São Paulo, frutos do trabalho evangelístico da Primeira: Igreja Evangélica Batista da Liberdade (em 11.04.1909), a Primeira Igreja Batista da Lapa (em 11.09.1924), a Igreja Batista da Casa Verde (em 24.08.1930) e a Igreja Batista de Vila Pompéia (em 15.08.1933). Partindo para o interior do estado, a igreja organizou a Igreja Batista de Taubaté (1940) e a Primeira Igreja Batista de São Miguel Paulista (1948). Organizaram-se quatorze igrejas na cidade de São Paulo e dezoito no interior do Estado. A PIB de São Paulo chegou, em sua história, ao total de 1750 membros.

Iniciando com J. L. Downing (1899-1901), a igreja teve 27 pastores titulares ao longo de sua existência, até assumir Nelson Luís Nunes Domingues. No ano de 2015, responde pelo ministério pastoral Paulo Eduardo Gomes Vieira.

Expansão para o interior:
Conforme informa o pastor Dami Ferreira em seu livro “Centenário da Fundação da Convenção Batista do Estado de São Paulo”, as vinte primeiras igrejas batistas organizadas em solo paulista foram:

06/07/1899 – PIB de São Paulo

19/02/1903 – PIB de Santos

16/12/1906 – PIB de Nova Odessa (leta)

03/10/1907 – PIB de Campinas

30/04/1909 – Liberdade (capital)

08/06/1911 – PIB do Brás (capital)

12/06/1911 – PIB de Mogi das Cruzes

03/11/1911 – PIB de Alto Alegre

12/10/1912 – PIB de Viradouro

21/11/1915 – PIB de Potirendaba

19/07/1919 – PIB Nova Europa

07/03/1920 – PIB de Bauru

13/05/1920 – PIB de Rio Claro

14/11/1920 – PIB de Ribeirão Preto

20/02/1921 – PIB de Assis

07/04/1923 – Central de Varpa (Tupã) – leta

29/09/2924 – PIB Húngara (capital)

29/09/1924 – Lapa (capital)

15/11/1924 – Lavras (Cajati)

01/03/1925 – Penápolis

Em 2007, o Estado de São Paulo possuía 1084 igrejas associadas à Convenção, das quais 304 estavam na capital e 780 no interior. Campinas possuía, na ocasião, 30 igrejas. Segundo o pastor Romão, hoje somos no Estado 1249 igrejas e 404 congregações, com aproximadamente 250.000 pessoas” (dados de 2015). Existem igrejas batistas em 473 dos 645 municípios paulistas. Ainda há municípios paulistas esperando por uma igreja batista.

CONVENÇÃO ESTADUAL:

QUANDO foi organizada a Convenção Batista do Estado de São Paulo (CBESP)? Sobre o assunto, o pastor Valdo Romão, Diretor Executivo da CBESP em 2015, informa no site da entidade que a Convenção foi organizada precisamente às 7h12 da noite do dia 16 de dezembro de 1904.” No registro da sua primeira ata consta o seguinte: "O Rev. Dr. Bagby, tomando lugar competente, expôs o fim da reunião. Sete igrejas resolveram, a bem do trabalho evangélico, organizar uma União de Igrejas."

Segundo a fonte citada, o nome inicial foi União Baptista Paulistana e o evento aconteceu na cidade de Jundiaí; as sete igrejas ali representadas eram PIB de São Paulo, PIB de Santos, PIB de Jundiaí, PIB de Campinas, PIB de Limeira, PIB de Santa Bárbara e PIB de Piracicaba. Segundo A. R. Crabtree, essas igrejas contavam com 280 membros. O nome foi mudado, primeiramente para Convenção Baptista Paulistana e agora Convenção Batista do Estado de São Paulo. A primeira assembleia durou três dias, de 16 a 18 de dezembro de 1904 e, desde aquela data, a Convenção tem-se reunido anualmente, com exceção de três anos quando não houve reunião. O seu primeiro presidente foi o Pr. Dr. José Nigro, na época pastor da PIB de São Paulo e da Igreja Batista de Jundiaí. Foi a segunda Convenção organizada no Brasil, após a União Batista “Leão do Norte” de Pernambuco e anterior à própria Convenção Batista Brasileira, organizada em 1907.

PUBLICAÇÕES:
1. "Centelha em Restolho Seco" - Betty Antunes de Oliveira - Editora Vida Nova
2. Centenário da Fundação da Convenção Batista do Estado de São Paulo" - Dami Ferreira

DADOS DA CONVENÇÃO:
CONVENÇÃO BATISTA DO ESTADO DE SÃO PAULO
www.cbesp.org.br
Rua João Ramalho, 440 - Perdizes - São Paulo - SP
CEP: 05008-001
Tel: (11) 3866-6710
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